sábado, 17 de agosto de 2013

O Teatro Épico de bertold Brecht





Eldorado – Nelson Screnci (acrílico s/tela). 2001 - Nelson Screnci se assume como "artista militante" e define seu trabalho como "arte social". Um painel de 4 m x 1,20 m, Eldorado é uma visão da periferia paulistana - que o artista observa à distância, como se constatasse desolado as milhares de casinhas que nunca param de se reproduzir. Na cena inspirada na periferia, as casinhas, muito próximas umas das outras, são como módulos que, ritmados em formas simples, dividem um espaço de ninguém. Elas são incompletas por se encontrarem permanentemente em construção. E, por serem representações poéticas, o lado trágico e violento vivido por seus habitantes tão sofridos comparece de forma sutil. Está implícito nas combinações das cores que tentam ser alegres e nas formas improvisadas que refletem a sua luta pela sobrevivência. Ironicamente na cidade que seus ancestrais, em tempos remotos, pensavam ser o tão sonhado eldorado."Quero falar para o homem comum, atingir o público da periferia", diz o artista engajado. "A arte contemporânea está num beco. O público já se cansou de ver releituras de Duchamp e Beuys", critica ele. "Eu faço uma releitura da cor brasileira. Assumo influências de Volpi e de Lívio Abramo, recrio um clássico de Almeida Júnior." Screnci acredita que há preconceito contra releituras de artistas brasileiros. "Por que só podemos reler americanos e europeus?



Ave Maria 1 (1955) – Victor Brecheret (Túmulo Família Scuracchio). Cemitério São Paulo/SP.


Arte tumular. Foi a última obra de Brecheret, concluída em 1955, no ano de sua morte. Ave Maria (Anjos) São dois anjos com as mãos em reza e ao centro uma grande cruz. Base tumular plana em mármore onde se erguem duas esculturas em bronze de dois anjos eretos, com as mãos unidas na altura do peito como se orassem e fizessem uma prece. Apresentam grandes asas com as pontas tocando o solo. Um está virado de frente para o outro, com os olhos cerrados , separados por uma cruz alta, também em bronze. Nota-se que o autor usou o estilo expressionista para esculpir os anjos. Atrás erguesse uma grande parede com cerca de 3 metros de altura, construída com placas de mármore onde estão as inscrições e o nome da família com uma coloração rósea. Nessa parede, atrás da cruz, um nicho representa um portal de passagem para o desconhecido do “outro lado” do umbral. Essa foi a ultima escultura realizada por Brecheret.



Metamorfose Cultural, 1997 – Nelson Screnci


Esta obra de Nelson Screnci faz uma releitura comparativa das obras: O Caipira Picando Fumo, de Almeida Júnior e A Negra, de Tarsila do Amaral. Interroga a cisão entre o "moderno" e o "acadêmico". As duas telas possuem uma força e uma presença visual, "icônica", que parte de um "tipo" social – a negra, o caipira – para, construindo-os com os meios da pintura, impô-los como imagens. O caipira e a negra misturam-se com elementos populares. Existe uma grande afinidade nos princípios de organização das duas telas. O caipira, com os ângulos dos cotovelos, dos joelhos, bem afirmados, encontra-se instalado, de modo seguro e preciso, diante de um fundo revelando claras relações ortogonais: verticais da porta e, sobretudo, horizontais dos batentes, dos bambus que se mostram na parede de barrote, dos degraus em pau tosco que lhe servem para sentar. Em "A Negra", Tarsila dispõe seu personagem numa postura bastante próxima à do caipira: ângulos dos cotovelos, evidência dos pés, inclinação da cabeça. Como Almeida Júnior, dispõe sua figura diante de um fundo geométrico, feito de barras horizontais paralelas, num efeito não muito distante dos degraus do caipira. Assim, a arquitetura de cada quadro projeta, de modo ao mesmo tempo formal e cheio de sentidos, o personagem. Mais ainda, esses modos possuem um parentesco muito claro entre eles.


Ascensão da Doce Borboleta nos Campos da Matança - Wangechi Mutu


A obra trata da valorização da mulher, sua raça, coragem e poder, abordando assim uma jovem em um campo repleto de borboletas, porém devastado por tiros, o que mostra que é um cenário de guerra e destruição. A autora procura destacar em pequenos detalhes que, por mais que haja uma imensa desvalorização da mesma, tenta conseguir seu espaço, tenta ser valorizada no mundo atual, mesmo que haja tanta desigualdade. A artista mostra em suas obras a alma artística africana. É uma artista que vive e trabalha no Brooklyn, Nova York. Mudou-se para lá na década de 1990, centrado-se em Belas Artes e Antropologia na New School for Social Research e a Escola de Arte e Desenho Parsons.
O trabalho de Mutu já foi exposto em galerias e museus de todo o mundo, incluindo o Museu de São Francisco de Arte Moderna, o Museu de Arte de Miami, a Tate Modern de Londres, o Studio Museum in Harlem em Nova York, o Museu Knust Palast nas Alemanha e o Centro Pompidou em Paris.
W. Mutu foi selecionada artista do ano de 2010 pela fundação D.B. A africana versa sobre diversos temas como política, o capitalismo do Ocidente e toma a figura feminina sob esteriótipos clássicos da cultura do seu país reinterpretando à sua maneira.

A Encantadora de Serpentes, de Henri Rousseau

O Simbolismo foi uma característica da pintura européia nas últimas décadas do Século 19 (em especial entre 1880 e 1890), bastante presente, apesar de não ter sido realmente organizado como um movimento.
Possui estreita ligação com o movimento poético simbolista. Rejeitava as formas naturalistas e realistas e principalmente o conceito, bastante comum na época, de que a arte só poderia ser realizada através de imagens não abstratas que representassem com fidelidade o mundo real.
O Simbolismo nas artes plásticas, tal como na poesia, apresentava forte misticismo e referências ao oculto. Procurava diminuir o hiato entre o mundo material e o espiritual. Os pintores deveriam expressar, através de imagens, esses temas e essa visão de mundo, desenvolvidas pelos poetas simbolistas em sua linguagem.
Para esse fim, utilizavam-se principalmente de cores e linhas, entendidos como elementos extremamente expressivos que por si só poderiam representar idéias. Confiavam mais na simples sugestão de algo que na sua forma explícita. A inspiração temática simbolista costumava vir de poesias do movimento, além de uma certa fixação em assuntos como a morte, a doença, o erotismo e até a perversidade. Há inúmeros artistas de estilos diferentes considerados simbolistas, por apresentarem traços do movimento em suas obras.
O SIMBOLISMO data do final do século XIX e surge também na França, primeiramente na PINTURA (com o nome de IMPRESSIONISMO) e depois na Literatura, com "Flores do Mal" de Baudelaire (1870). Além de Baudelaire, poetas franceses como Mallarmé, Verlaine, Paul Valéry, etc, contagiam toda a Europa com seus poemas simbolistas. Em Portugal, o Simbolismo data de 1890 com a publicação de "Oaristos" de Eugênio de Castro. O Simbolismo surge no Brasil em 1893, com as obras "Missal"("prosa") e "Broquéis"(poesia), ambas de autoria de Cruz e Sousa.

A criatividade humana no contexto histórico contemporâneo do Simbolismo:

Com o Cientificismo ocorrido no século XIX, decorrente do reinado materialista que toma conta da maneira de ser, de pensar e de agir do homem ocidental, ocorre a chamada SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, ou seja, a ciência da época é transformada em tecnologia que aprimora ainda mais os meios de produção, pouco restando a fazer ao homem em termos de USO DA CRIATIVIDADE. Vale lembrar que, antes do surgimento da máquina, o homem produzia manualmente os produtos consumidos por toda a sociedade: importava a qualidade ( a beleza, a utilidade, a durabilidade, etc) dos produtos e, nesse aspecto, o artesão usava toda a sua sensibilidade, sua técnica, sua CRIATIVIDADE no momento em que fazia seu trabalho, ou seja, os produtos traziam em si as marcas da subjetividade daquele que os elaborava. Com a Revolução Industrial, porém, a máquina substitui quase que totalmente o trabalho humano: no reinado materialista a qualidade não importa e sim a quantidade, pois quanto mais produtos mais consumo, mais lucro, mais riqueza para os donos dos meios de produção. A mão de obra e a criatividade humanas estão sendo cada vez menos solicitadas e, portanto, pouco aprimoradas, no modo de produção da época. O mesmo ocorre com a Arte e a Literatura produzidas nesse contexto: pela objetividade, pelo detalhismo, por dar a FOTOGRAFIA dos referentes, as obras artísticas e literárias não permitem que o receptor use sua imaginação, sua criatividade (sua subjetividade) em nenhum momento.
Em socorro à criatividade humana tão pouco requisitada na época, surge o SIMBOLISMO na Arte e na Literatura, visando à produção de obras que permitam um trabalho intelectual e emocional intensos por parte de seu receptor; esse exercício intelectual e emotivo pretende aprimorar a inteligência e a sensibilidade humanas . O relevo dado ao interior do ser humano no Simbolismo é conseqüência dos postulados das teorias freudianas.
SIMBOLISMO X REALISMO
Como já se pode perceber, o Simbolismo surge em reação à objetividade, ao materialismo e ao detalhismo do Realismo. Embora seja tão obediente à Versificação quanto o parnasiano, o simbolista caminha em direções opostas às do realista: o simbolista é subjetivo, espiritualista e, ao invés de descrever minuciosamente o referente, procura apenas SUGERI-LO ao receptor através de uma LINGUAGEM SIMBÓLICA (CONOTATIVA), repleta de elementos sensoriais (palavras que representam cores, sons, perfumes, etc) que ao invés de esclarecer o que é o referente, indefine-o (mascara-o). Para Mallarmé, "o gozo do poema é feito da felicidade de adivinhar pouco a pouco. Sugerir o mundo, eis o ideal."
SIMBOLISMO E ROMANTISMO
As raízes do Simbolismo estão no Romantismo, por trazer de volta temas e características importantes do Romantismo, porém com profundidade:
- a subjetividade: o romântico deseja atingir as emoções do receptor; além das emoções , o simbolista quer mais da subjetividade do receptor: pretende atingir sua criatividade, sua inteligência, enfim, sua "ALMA".
- o espiritualismo: o simbolista acredita na eternidade da alma;
- a descrição superficial do referente: na obra romântica, o referente é caracterizado superficialmente através de uma linguagem conotativa e de fácil decodificação; na obra simbolista, o referente é caracterizado superficialmente através de uma linguagem conotativa, simbólica, que ao invés de definir (esclarecer), indefine o referente para o receptor.
O SÍMBOLO
O símbolo para o simbolista é, por conseguinte, UM SIGNO CAPAZ DE MASCARAR O REFERENTE QUE ELE REPRESENTA LINGUISTICAMENTE. Afinal, não existe nada melhor do que uma linguagem simbólica (figurada) para SUGERIR o referente, o mundo: só ela é capaz de despertar as mais diversas sensações, as mais diversas leituras (interpretações) , dar asas à imaginação do receptor.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA OBRA SIMBOLISTA
1. subjetividade/ 2. espiritualismo/ 3. temas mórbidos: a busca do vago, do indefinido, a morte, a loucura, o sonho, o terrível, o real, o irreal, etc./ 4. SUGERIR O REFERENTE ao invés de descrevê-lo minuciosamente (sugerir é sinônimo de encobrir, mascarar)/ 5. Para sugerir o referente, o simbolista utiliza-se de símbolos (FIGURAS) e de uma linguagem plena de ELEMENTOS SENSORIAIS(predominância das sinestesias) que provoquem no leitor sensações diversas. Tais símbolos é que mascaram o verdadeiro referente, a verdadeira mensagem (conteúdo manifesto/conteúdo latente)/  6. Ambigüidade/ 7. Culto à brancura/ 8. Musicalidade: as FIGURAS DE HARMONIA ( predomínio das aliterações), as rimas, o ritmo, etc, dão intensa musicalidade à obra simbolista.
O Expressionismo compreende a deformação da realidade para expressar de forma subjetiva a natureza e o ser humano, dando primazia à expressão de sentimentos em relação à simples descrição objetiva da realidade. Entendido desta forma, o expressionismo não tem uma época ou um espaço geográfico definidos, e pode mesmo classificar-se como expressionista a obra de autores tão diversos como Matthia Grünewald, Pieter Brueghe, o Velho, El Greco ou Francisco de Goya. No início do século XX, na Alemanha, surgiram os grupos A Ponte e o Cavaleiro Azul.
Edvard Munch é considerado, por muitos estudiosos das artes plásticas, como um dos artistas que iniciaram o Expressionismo na Alemanha. Edvard Munch nasceu na cidade de Løten (Noruega) em 12 de dezembro de 1863.Teve uma vida familiar muito conturbada, pois sua mãe e uma irmã morreram quando Munch ainda era jovem. Uma outra irmã tinha problemas mentais. O pai de Munch tinha uma vida marcada pelo fanatismo religioso. Para complicar, Munch ficou muito doente durante a infância.
Já adulto, começou a apresentar um quadro psicológico conturbado e conflituoso. Alguns estudiosos afirmam que Munch, provavelmente, possuia transtorno bipolar. Munch estudou artes plásticas no Liceu de Artes e Ofícios da cidade de Oslo (capital da Noruega).
Em 1885, viajou para Paris onde entrou em contato com vários movimentos artísticos. Ficou muito atraído pela arte de Paul Gauguin. Entre os anos de 1892 e 1908 viveu na cidade de Berlim (Alemanha). Em 1892 participou de uma exposição artística em Berlim. Porém, a mesma foi cancelada em função do grande choque que provocou na sociedade alemã. Em 1893, pintou sua obra de arte de maior importância: O Grito. Esta obra tornou-se um dos símbolos do Expressionismo. Em 1896, começou a fazer gravuras e apresentou várias inovações nesta técnica artística. Em 1908, voltou para a Noruega para viver em seu país natal definitivamente. No final da década de 1930 e início da década de 1940 passou por uma forte decepção. O governo nazista ordenou a retirada de todas as obras de arte de Munch dos museus da Alemanha por considerá-las esteticamente imperfeitas e por não valorizar a cultura alemã. Munch morreu em 23 de janeiro de 1944, na cidade de Ekely (próximo a Oslo).
Estilo artístico
- Abordagem de temas relacionados aos sentimentos e tragédias humanas (angústia, morte, depressão, saudade).
- Pintura de imagens desfiguradas, passando uma sensação de angústia e desespero.
- Forte expressividade no rosto das personagens retratadas.
- Pintura de figuras marcadas por fortes atitudes.
Principais obras de Munch:
- Spring Day on Karl Johan (1891)
- Evening on Karl Johan (1892)
- Melancolia (1892)

- A Voz (1892)

- O Grito (1893)

- Vampira (1893-94)

- Anxiety (1894)

- A Madona (1894-1895)

- Jealousy (1895)

- Puberdade (1895)

- Self-Portrait with Burning Cigarette (1895)

- A menina doente (1895-1896)

- Lady From the Sea (1896)

- A dança da vida (1899-1900)

- A Morte da Mãe (1899-1900)

- Meninas no Jetty (1901)

- Crianças na rua (1907)

- Atração (1908)

- Assassino na Alameda (1919)

- Reunião (1921)

- Entre o Relógio e a Cama (1940-1942)



                                                            Bertold Brecht
O Teatro Épico é produto do forte desenvolvimento teatral na Rússia, após a Revolução Russade 1917, e na Alemanha, durante o período da República de Weimar, tendo como seus principais iniciadores o diretor russo Meyerhold e o diretor teatral alemão Erwin Piscator. Nesse tempo, as cenas épicas alemãs recebiam o nome de cena Piscator, dado o extensivo uso de cartazes e projeções de filmes nas peças dirigidas por Piscator. No entanto, o grande propagandista do teatro épico foi Bertolt Brecht. Brecht afirmava que sempre existiu teatro épico, seja na intervenção do coro no teatro da Grécia Clássica, seja na Ópera Chinesa, e até mesmo no Dadaísmo.

O Teatro Épico consiste em uma forma de composição teatral que polemiza com as unidades de ação, espaço e tempo e com as teorias de linearidade e uniformidade do drama, fundamentadas em determinada compreensão da Poética de Aristóteles elaborada na França renascentista. A catarse perde seu espaço na concepção teatral épica. Não cabe envolver o espectador em uma manta emocional de identidade com o personagem e fazê-lo sentir o drama como algo real, mas sim despertá-lo como um ser social. Segundo Brecht, a catarse torna o homem passivo em relação ao mundo e o ideal é transformá-lo em alguém capaz de enxergar que os valores que regem o mundo podem e devem ser modificados.
Embora elementos da linguagem épica existam no teatro desde os seus primórdios, o Teatro Épico surge com o trabalho prático e teórico de Bertolt Brecht. Trata-se do resgate de um termo antigo para conceituar uma nova linguagem cênica. Essa é substancialmente organizada a partir de textos que abordam os conflitos sociais sob uma leitura marxista, encenados pelo método do Distanciamento.
O Teatro Épico utiliza uma série de instrumentais diretamente ligados à técnica narrativa do espetáculo, onde os mais significativos são: a comunicação direta entre ator e público, a música como comentário da ação, a ruptura de tempo-espaço entre as cenas, a exposição do urdimento, das coxias e do aparato cenotécnico, o posicionamento do ator como um crítico das ações da personagem que interpreta, e como um agente da história.http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_teat/index.cfm?fuseaction=conceitos_biografia&cd_verbete=617

Nenhum comentário:

Postar um comentário