sábado, 27 de abril de 2013

Leitura de Imagem



   
É p   
        
    O conceito de apreciação em Arte, incluído nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) da disciplina, expõe as situações de estudo e análise de obras, artistas ou movimentos em sala de aula. É importante que os alunos compreendam a importância da crítica e da História da Arte para as aprendizagens de leitura de obras. Ler uma imagem: compreendê-la, interpretá-la, descrevê-la, decompô-la e recompô-la para apreendê-la como objeto a conhecer. Uma imagem, ao contrário de um texto, propicia uma infinidade de leituras devido às relações que seus elementos sugerem.
    Leitura Interpretativa: Durante esta leitura é possível a cada espectador colocar o que pensa sobre a obra que está vendo, pois cada ser humano percebe, vê e sente uma obra de Arte de acordo com sua história de vida, com o que já sabe e conhece sobre arte.
  Contextualização Histórica: localizar a obra no tempo histórico e no espaço, observando o tema, os significados, ou seja, os contextos em que foi criada, auxiliando na compensação e no significado da obra em questão. Quando apreciamos produções artísticas, esses aspectos acabam por interagir uns com os outros, pois a leitura de uma obra de arte é percebida, sentida e significada a partir de nossos conhecimentos, vivências e percepções. Ao fruir a produção artística da humanidade, estamos realizando um diálogo com o mundo.
  Quanto mais estivermos em contato com obras de Arte, mais nos aprofundamos nessa linguagem e conseqüentemente em sua leitura, mais ampliamos nosso repertório, conhecimento e compreensão da produção de Arte da humanidade, quer seja em museus, galerias, exposições, ou até mesmo através de reproduções, pois em alguns casos a presença frente às originais não é possível. Ler é atribuir significados a algum texto, no caso de obras artísticas, estamos falando de textos visuais, que são lidos a partir do momento que começamos a estabelecer relações entre as situações que nos são impostas pela nossa realidade e de nossa atuação frente a estas questões, na tentativa de compreendê-las e resolve-las. A leitura se torna real quando estabelecemos essas relações.

Tarde de domingo na Ilha de Grande Jatte, 1884-1886, de George Seurat



     

Tarde de domingo na Ilha de Grande Jatte, 1884-1886, de George Seurat. 

Na obra temos a representação de uma cena de lazer, comum até hoje: passar algumas horas da tarde de domingo em um parque. Os trajes e acessórios masculino e feminino são típicos do século XIX. Podemos observar que as figuras são construídas por pequenos pontos. Todos os demais elementos da tela também foram pintados com essa técnica. O que chama a atenção é a forma como o artista conseguiu criar áreas de luz e sombra: os pontinhos amarelos ou claros nos dão a ideia de luz do Sol; os pontinhos mais escuros nos sugerem as sombras criadas pelas copas das árvores e pelas sombrinhas das mulheres.
A técnica do Pontilhismo foi desenvolvida a partir do estudo aprofundado de Georges Seurat e Paul Signac sobre as percepções ópticas o resultado desse estudo foi a redução das pinceladas a um sistema de pontos uniformes que emseuconjunto dão ao observador a percepção da cena.
Na obra em questão, observa-se a construção da imagens por meios de pequenos pontos que a partir da configuração das cores o artista consegue dar a noção de luz e sombra.Construindo dessa forma os cenários e personagens retratados.Além disso,observa-se que para a a execução da obra Seurat empregou um novo pigmento amarelo de zinco, que é mais visível nas partes iluminadas do gramado, mas também usado nas misturas com pigmentos laranja e azul o que propiciou maior luminosidade a certas partes da obra. Possui dimensões aproximadas de 2 por 3 metros e encontra-se atualmente no Instituto de Artes de Chicago. É considerada uma das melhores representações do Pontilhismo, considerado com uma evolução do Impressionismo.
   

O Golfo de Napoles com o Vesúvio de fundo, de Eliseu Visconti




Eliseu Visconti, pintor e designer ítalo-brasileiro ativo entre 1892 e 1944. Artista que abriu o caminho da modernidade à arte brasileira, registrando os efeitos da luz solar nos objetos e seres humanos que aprendera na França com a técnica dos Impressionistas. O Golfo de Nápoles com o Vesúvio ao fundo é caracterizada por uma paisagem singular: três meninos sentados à beira do lago, preparando o peixe cozinhar, com um panelão em um fogo improvisado crepitando e uma pequena canoa de pesca em frente. Predominam as cores claras e o reflexo imposto pela água. Assim como em outras obras de Eliseu Visconti ocorre a constituição das imagens inspiradas em fatos do cotidiano. Evidencia o começo de uma representação impressionista na arte brasileira, observando as formas como está representada, com a incidência da luz no quadrante inferior direito e também pela composição das pinceladas  rápidas e curtas. O estudo dos fenômenos de reflexão e refração da luz são evidenciados na representação dos reflexos do barco e das rochas na água. O artista optou por usar cores pasteis em sua representação não seguindo a mesma linha dos artistas impressionistas.

O Jantar, 1827, de Jean-Baptiste Debret





O Jantar brasileiro, de Jean-Baptiste Debret, conhecido e muito difundido nos livros de História por abordar as relações cotidianas no Brasil Colonial. A tela permite uma abordagem sobre as disparidades existentes na sociedade brasileira daquele período, quando a escravidão era o pilar de sustentação econômica e social do Brasil. Um aspecto que nos chama a atenção é a extrema facilidade na qual conseguimos identificar os senhores e os cativos escravos. Isso se dá unica e exclusivamente pela pele. De forma secundária, essa diferenciação é feita também pelo fato de que alguns negros servem, é o caso da negra que abana o casal e de que os outros estão a disposição dos brancos para atender a qualquer situação. A mesa posta devorada pelo casal: um escravo está de pé, próximo a mesa, com os olhos fixos na suculenta comida. Na parte inferior da tela, duas crianças negrinhas, filhos das escravas da casa, que ainda não atingiram a idade de serem utilizadas nos serviços mais pesados, comem as migalhas do jantar dada pela mulher do rico senhor colonial  que come silenciosamente. Debret, em “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, publicado em Paris em 1835,  leitura indispensável para quem deseja conhecer esse período de nossa história, dá uma explicação detalhada da cena e dos costumes brasileiros:


"No Rio, como em todas as outras cidades do Brasil, é costume, durante o tête-à-tête de um jantar conjugal, que o marido se ocupe silenciosamente com seus negócios e a mulher se distraia com os negrinhos que substituem os doguezinhos, hoje quase completamente desaparecidos na Europa. Esses molecotes mimados até a idade de cinco ou seis anos, são em seguida entregues à tirania dos outros escravos que os domam a chicotadas e os habituam assim a compartilhar com eles das fadigas e dissabores do trabalho. Essas pobres crianças revoltadas por não mais receberem das mãos carinhosas de suas donas manjares suculentos e doces, procuram compensar a falta roubando as frutas do jardim ou disputando aos animais domésticos os restos de comida que sua gulodice, repentinamente contrariada, leva a saborear com verdadeira sofreguidão. (DEBRET, 1835)

8) O Retrato de Adele Bloch-Bauer, de Gustav Klimt



 Retrato de Adele Bloch-Bauer I

O Retrato de Adele Bloch-Bauer I, pintura  dentro da criação decorativa de Gustav Klimt de 1905. Segundo a imprensa que cobre o mercado de arte, foi vendida por 135 milhões de dólares a Ronald Lauder, proprietário da Neu Galerie, em Nova Iorque, em junho de 2006, o que o torna a segunda pintura de maior valor de todo o mundo. Klimt empregou três anos para completar este retrato, que mede 138 x 138 cm e feito com óleo e ouro sobre tela, com uma ornamentação elaborada e complexa, tal e qual se vê nos trabalhos do Art Nouveau. O dourado invade o fundo e é o elemento fundamental do vestido aonde a ornamentação integra a iconografia habitual do pintor na fase dourada, espirais micênicos, olhar em estilo egípcio, círculos, retãngulos e xadrezes. A aura repleta de ovais em torno da cabeça e a estranha forma à esquerda do modelo remete os famosos mosaicos bizantinos. Klimt foi membro da Secessão Vienense, um grupo de artistas que se contraporam com a forma tradicional de pintar. A obra foi realizada em Viena, encomendada por Ferdinand Bloch-Bauer, rico industrial que fez a sua fortuna na indústria açucareira e apoiou as artes e favoreceu e promoveu o trabalho de Klimt. Adele Bloch-Bauer tornou-se na única modelo pintada em duas ocasiões por Klimt quando completou um segundo quadro, em 1912. Adele indicou no seu testamento que os quadros de Klimt deveriam ser doados à Galeria do Estado da Áustria.
 

O Semeador, 1888, de Vicent Van Gogh


 
  O Semeador, 1888, de Vicent Van Gogh
Van Gogh durante toda a vida, nutriu admiração por Jean-François Millet e realizou algumas releituras de seus quadros. “O Semeador” era a sua obra favorita, e Vang Gogh realizou pelo menos oito releituras da obra. Escreveu mais tarde para o irmão Theo afirmando que nenhuma de suas releituras jamais seria capaz de alcançar o efeito dramático do original de Millet."Eis um esboço da última tela em que venho trabalhando. Um imenso disco de amarelo-limão para o sol. Céu verde-amarelo com nuvens cor de rosa. O campo é violeta, o semeador e as árvores azuis". O Semeador, a versão de Van Gogh, foi pintada em Arles, sul da França, no ano de 1888. Van Gogh sempre acreditou na pintura como uma forma de religião. Através de suas obras, pretendia comover o povo, deslumbrando-o com o colorido e vivacidade da natureza. A alegria é a comunhão total entre o homem e seu meio. Assim, o camponês honesto e trabalhador parece flutuar em um tapete de cores, ecoando Jesus, que um dia caminhou sobre as águas. Há um caminho no centro da composição, que o camponês ignora. Há alguns poucos corvos, que parecem se afastar, voando para longe. Um sol elétrico e fulgurante ilumina a cena.
Embora tenha estudado o Impressionismo francês, o artista interessava-se pelo poder expressivo das cores, e não os efeitos da luz sobre a paisagem. Dos impressionistas, preservou o gosto pelas cores puras e pinceladas desassociadas. Também, a preferência pelas combinações entre cores complementares – no caso, o azul e o amarelo.

O Torso de Adele, de Auguste Rodin

 


 O "Torso de Adèle, de 1880, de Auguste Rodin. O escultor sentia fascinação pela nudez. Defendia a arte e o erotismo sem tabus e era obcecado  pela nudez como uma fonte de sua inspiração. Adéle Abruzeth foi a modelo favorita do artista por um certo tempo, de cujo corpo flexível e musculoso, ele buscou inspiração para diversas figuras femininas, surpreendentemente sensuais.  A escultura é uma das mais atraentes de Rodin sobre a sexualidade feminina, é também uma das esculturas raras cujo título manteve-se ligada ao modelo inspirador. Rodin deve ter quebrado o "Torso" entre o umbigo e no abdómen, o que lhe permitiu ajustar o grau de torcer pela rotação das metades ao longo do armamento metal.  Sensível e com virtuosismo que transpõe o erotismo sensual das curvas do corpo feminino, com um jogo fascinante de luz e sombras. Rodin consegui transmitir a suavidade da barriga de uma mulher arqueada para trás com o peso dos seios.

“De Onde Viemos? Que Somos? Para Onde Vamos?”, 1897, Gauguin


 

“De Onde Viemos? Que Somos? Para Onde Vamos?”, pintada em 1897,  Gauguin
  

Na obra “De Onde Viemos? Que Somos? Para Onde Vamos?”, pintada em 1897,  Gauguin questiona-se sobre o ciclo da vida, a trajetória de vida e morte do ser humano. Cita, ainda, o mito de Eva no Jardim do Éden, através do jovem que se estica para alcançar uma maçã. Quais prazeres nos são afinal permitidos? Quais conhecimentos nos são pertinentes? Qual o nosso papel neste mundo?
Sobre a obra, Gauguin escreveu: “Para onde vamos? Para junto da morte de uma velha. Uma ave estranha e simples conclui. O que somos? Existência mundana. O homem de instinto fica imaginando o que tudo isso significa… Símbolos conhecidos congelariam a tela em uma realidade melancólica, e o problema apontado não seria mais um poema”.
A leitura da obra: seguindo a tradição oriental, a leitura da obra inicia-se à direita, com o pequeno bebê adormecido, passando pela juventude de corpos dourados e belos, culminando no corpo escuro da senhora de idade, à esquerda da composição.
O primitivismo: mais do que retratar culturas exóticas, Gauguin desejava integrar-se àquele mundo, tornando-se ele próprio um ser primitivo. Sua técnica rústica evoca uma arte elementar e simbólica.
A técnica: Gauguin utiliza cores puras na tela, privilegiando os tons complementares, especialmente o amarelo e o azul. Os contornos negros das figuras eliminam qualquer sugestão de tridimensionalidade.
O jovem colhendo uma fruta: ponto focal da tela, um jovem se estica para alcançar uma fruta, o que pode evocar os prazeres da juventude ou a busca pelo conhecimento – uma citação do mito de Eva e o Jardim do Éden.
A divindade: a escultura de uma divindade à esquerda da pintura é baseada em relevos polinésios. A figura, de um tom de azul, indica o mundo espiritual.
A natureza: as formas sinuosas e fluidas evocam a beleza do espaço natural, e as cores exaltam sua exuberância.

Ensaio de Ballet, 1879, de Edgar Degas






                        Ensaio de Ballet, 1879, de Edgar Degas. Mussée d'Orsay, Paris (França) 
  Grande mestre impressionista, Edgar Degas diferente de seus colegas de estilo que criavam ao ar livre, mais preocupados com a luz natural e as paisagens, preferia trabalhar dentro do seu ateliê, na representação de cenas de interior com luz artificial. Essa obra é mais um quadro expressivo de Degas que retrata o ballet, marcado pelos tons vibrantes. Ensaio de Ballet capta o movimento repetitivo, o gesto ensaiado das bailarinas, uma e outra vez, um velho mestre e dois espectadores entediados. Uma das bailarina parece voar em torno do movimento característico do mundoda dança. Degas concentrou-se na atmosfera da cena, acentuando o uso da luz artificial. O "encanto não está em mostrar a fonte de luz, mas no efeito da luz", como ele dizia. 


A Pequena Bailarina de 14 anos, 1881 (escultura), de Edgar Degas






 


A Pequena Bailarina de quatorze anos, escultura de Degas,  representa Marie Van Goethem, uma jovem estudante de dança.  Feito de cera, o que é incomum em esculturas, com uma crosta de bronze e algumas peças de pano. A finalização da obra ocorreu em 1922. Quando a escultura foi lançada na Sexta Exibição Impressionista em Paris, houve diferentes criticas acerca da qualidade da obra. Muitos a acharam feias e outras a consideraram grotesca e primitiva. É uma das obras mais conhecidas de Degas e foi vendido em um leilão por mais de 12 milhões de dólares a François Pinault, o homem mais rico da França. A “pequena bailarina” mostrava os conflitos que ocorriam no mundo da dança, pois o artista conhecia o lado, por vezes obscuro, do universo das jovens bailarinas, uma combinação nem sempre feliz entre arte e pobreza ou arte e prostituição. A desalinhada jovem não era propriamente para uma escultura ou pintura da época. Nem era nobre, tampouco, o material escolhido pelo artista: a cera, ao invés do bronze ou do mármore. Entretanto, ao lado das restrições formais e estéticas, a “pequena bailarina” escandalizou, sobretudo, porque simbolizava a hipocrisia que encobria as intrigas obtidas pelos poderosos através da prostituição exploratória das jovens bailarinas.

Angelus, 1859, de Jean-François Milliet



   
Angelus, 1859, de Jean-François Milliet - Mouseu do Louvre, Paris.

Esta obra exprime o compromisso de Milliet  a  pintura realista:  mostra dois camponeses orando, dando graças a Deus pela colheita obtida através do suor e do esforço de muitos dias.
Em suas telas Millet retratava a vida no campo com paisagens bucólicas em clima de introspecção. Nesta pintura, um homem e uma mulher em pé, em uma postura de reverência, na hora do Angelus. Ele de cabeça baixa, segurando o chapéu, ela leva as mãos ao peito num sinal de devoção.

Significado de Angelus : Angelus é uma prática religiosa, realizada em devoção à Imaculada Conceição, repetida três vezes ao dia, de manhã, ao meio dia e ao entardecer. A oração é constituída de três textos que descrevem o mistério da Encarnação, respondidos com uma Ave Maria e uma oração final.

Glossário Artístico 2º Bimestre



       
Arrufos (1887), de Belmiro de Almeida
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.

Belmiro de Almeida foi um grande artista plástico que superou os ensinamentos acadêmicos, usando os recursos da arte moderna como o Impressionismo, o Pontilhismo e o Futurismo. Arrufos significa desentendimento passageiro entre pessoas que se amam. Basta um ligeiro olhar sobre a tela para considerarmos que o pintor conseguiu representar a situação expressa no título. Como o espaço  retratado é um ambiente fechado e as cores empregadas são pouco variadas, a luminosidade concentra-se na cor clara do vestido da moça, que passa a ser o personagem central da cena. Mas a figura masculina em diagonal, apresenta um ar de dominação com o cachimbo aristocrático e a postura displicente. A flor estendida no tapete em frente da moça simboliza o conflito estabelecido pelo casal.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

A Pintura Acadêmica no Brasil

 
 Arrufos (1887), de Belmiro de Almeida
 
 
 
 Flor Brasileira (1911), de Antonio Parreiras
A Pintura Acadêmica no Brasil e a superação do academicismo - Em meados do século XIX, o Império Brasileiro conheceu certa prosperidade econômica, proporcionada pelo café, e certa estabilidade política, depois que Dom Pedro II assumiu o governo e dominou as muitas rebeliões que agitaram o Brasil até 1848. Além disso, o próprio imperador procurou dar ao país um desenvolvimento cultural mais sólido, incentivando as letras, as ciências e as artes. Estas ganharam um impulso de tendência nitidamente conservadora, que refletia modelos clássicos europeus.
Uma das características gerais da pintura acadêmica é seguir os padrões de beleza da Academia de Belas Artes, ou seja, o artista não deve imitar a realidade, mas tentar recriar a beleza ideal em suas obras, por meio da imitação dos clássicos, principalmente os gregos, na arquitetura e dos renascentistas, na pintura. Os principais artistas acadêmicos são:
Pedro Américo - Sua pintura abrangeu temas bíblicos e históricos, mas também realizou imponentes retratos, como o de Dom Pedro II na Abertura da Assembléia Geral, que é parte do acervo do Museu Imperial de Petrópolis - RJ. A sua obra mais divulgada é O Grito do Ipiranga, que atualmente no Museu Paulista.
Vitor Meirelles - Em 1861, produziu em Paris, a sua obra mais conhecida A Primeira Missa no Brasil. No ano seguinte, já em nosso país, pintou Moema, que trata da famosa personagem indígena do poema Caramuru, de Santa Rita Durão. Os seus temas eram os históricos, os bíblicos e os retratos.
Almeida Júnior - Considerado por alguns críticos o mais brasileiro dos pintores nacionais do século XIX. Suas obra retratam temas históricos, religiosos e regionalistas, além disso produziu retratos, paisagens e composições. Suas obras mais conhecidas são: Picando Fumo, O Violeiro e Leitura.
Belmiro de Almeida – Depois da Academia de Belas Artes, estudou na Europa onde recebeu influência dos pintores franceses. Seus quadros mais famosos são Arrufos, pintado em 1887, e Dame à La Rose, de 1906. Foi um grande desenhista e colorista que superou os ensinamentos acadêmicos, usando recursos da arte moderna já florescente na Europa, como o Impressionismo, o Pós-Impressionismo, o Expressionismo e o Futurismo.
Antonio Parreiras – Aos 22 anos ingressou a Academia de Belas Artes. Esteve na Itália, onde freqüentou a Academia de Veneza. Foi autor de quadros históricos a partir de encomendas oficiais, como A Conquista do Amazonas, para o Estado do Pará. As obras mais significativas de Antonio Parreiras, por sua criatividade e modernidade, são as paisagens e os nus femininos como Dolorida e Flor Brasileira. Esses trabalhos, elogiados em Paris, foram muitos mal aceitos no Brasil no início do século XX.
As pinturas de Belmiro de Almeida e a de Antonio Parreiras já dão mostra de uma superação dos princípios neoclássicos. Mas foram as obras de Eliseu Visconti que abriram definitivamente o caminho da modernidade à arte brasileira. Esse artista já não se preocupa mais em imitar modelos clássicos, ele próprio procura registrar os efeitos da luz solar nos objetos e seres humanos que retrata em suas telas. Visconti foi também um artista decorativo, mas a maioria de seus trabalhos é construída por pinturas de paisagens, cenas do cotidiano e retratos. Como nas obras Trigal e Maternidade, onde podemos notar nítidas características impressionistas.
 
Eliseu Visconti  - As obras de Eliseu Visconti abriram definitivamente o caminho da modernidade à arte brasileira. Esse artista já não se preocupa em imitar modelos clássicos, ele procura registrar os efeitos da luz solar nos objetos e seres humanos que retrata em suas telas. Frequentou a Escola de Belas Artes em Paris. Durante o período que permaneceu na França, Visconti entrou em contato com a obra dos impressionistas. A influência que recebeu destes artistas foi tão grande que ele é considerado o maior representante desse estilo na pintura brasileira.

A Missão Artística Francesa no Brasil




O Jantar, de Jean Baptiste Debret

A Missão Artística Francesa no Brasil (Graça Proença)

O início do século XIX no Brasil é marcado pela chegada da família real portuguesa, que fugia do conflito entre a França napoleônica e a Inglaterra. Dom João VI e mais uma comitiva de 15 000 pessoas desembarcaram na Bahia em janeiro de 1808, mas em março do mesmo ano transferiram-se para o Rio de Janeiro.

Nessa cidade, o soberano começou uma série de reformas administrativas, sócio-econômicas e culturais, para adaptá-la às necessidades dos nobres que vieram com ele e sua família. Assim, foram criadas as primeiras fábricas e fundadas instituições como o Banco do Brasil, a Biblioteca Real, o Museu Real e a Impressa Régia. A partir de então, o Brasil recebe forte influência da cultura européia, que começa a assimilar e a imitar. Essa tendência europeizante da cultura da colônia se afirma ainda mais com a chegada da Missão Artística Francesa, oito anos depois da vinda da família real.
A Missão Artística Francesa chegou ao Brasil em 1816, chefiada por Joachin Lebreton. Dela faziam parte, entre outros artistas, Nicolas Antoine Taunay, Jean-Baptiste Debret e Grandjean de Montigny. Esse grupo organizou, em agosto de 1816, a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios. Essa instituição teve seu nome alterado muitas vezes, até ser transferida, em 1826, na Imperial Academia e Escola de Belas-Artes. Taunay é considerado uma das figuras mais importantes da Missão Artística Francesa. Na Europa, participou de várias exposições e na corte de Napoleão foi muito requisitado para pintar cenas de batalha. No Brasil, as pinturas de paisagens foram criações mais famosas. Durante os cinco anos que permaneceu aqui, produziu cerca de trinta paisagens do Rio de Janeiro e regiões próximas. Entre elas está Morro de Santo Antonio em 1816.
Debret é certamente o artista da Missão Artística Francesa mais conhecido pelos brasileiros, pois seus trabalhos, documentaram a vida no Brasil durante o século XIX, são muitos reproduzidos nos livros escolares. Seu trabalho mais conhecido dos brasileiros é uma obra em três volumes denominada de Viagem Pitoresca e Histórica pelo Brasil. No campo da arquitetura, a Missão Artística desenvolveu o estilo neoclássico, abandonando os princípios barroco. O seu principal arquiteto foi Grandjean de Montigny, autor do projeto do prédio da Academia de Belas-Artes.
Além dos artistas da Missão Artística Francesa, vieram para o Brasil, no século XIX, outros pintores europeus motivados pelas paisagens luminosas dos trópicos e pela existência de uma burguesia rica e desejosa de ser retratada. O francês Claude Joseph Barandier foi um dos retratistas mais ativos da nobreza e da sociedade carioca. Thomas Ender, era austríaco e chegou ao Brasil em 1817, junto com a comitiva da Princesa Leopoldina. Viajou pelo interior retratando paisagens e cenas da vida de nosso povo em São Paulo e no Rio de Janeiro. Sua obra compõem-se de oitocentos desenhos e aquarelas, técnica com a qual criou expressivas cenas brasileiras. Johann Moritz Rugendas, artista de origem alemã, esteve no Brasil entre 1821 e 1825. Além do nosso país, visitou vários outros da América Latina. Do tempo que esteve no Brasil, deixou um livro, Viagem Pitoresca Através do Brasil, contendo cem desenhos. Rugendas pintou ainda retratos a óleo, como Dom Pedro II e da Princesa Dona Januária, conservados no Museu Nacional de Belas-Artes.. Mas foi no desenho que o artista encontrou a melhor maneira de expressar sua percepção do país, deixando uma preciosa documentação não só dos costumes brasileiros, mas também dos povos latino-americanos com os quais conviveu.

O Impressionismo

 

Impressão Sol Nascente, de Claude Monet
 
   Impressionismo é um movimento artístico surgido na França no século XIX. O nome do movimento origina-se da obra Impressão, nascer do sol (1872), de Claude Monet. Os pintores impressionistas não se interessavam em temáticas nobres ou retrato fiel da realidade. Utilizavam pinceladas soltas para destacar a luz e o movimento. Geralmente as telas eram pintadas ao ar livre para que o pintor pudesse capturar melhor as nuances da natureza. Nas telas dos impressionistas são retratados os reflexos e efeitos que a luz do sol produz nas cores da natureza. As cores da natureza mudam constantemente, dependendo da incidência da luz do sol, e uma dessas mudanças implica na alteração de cores e tons. A primeira exposição pública impressionista foi realizada em 1874, em Paris. Entre os expositores estava Claude Monet (1840-1926), Édouard Manet (1832-1883), August Renoir (1841-1919), Alfred Sisley (1839-1899), Edgard Degas (1834-1917) e Camille Pissarro (1830-1903). Algumas características do autor impressionista: rompe completamente com o passado; inicia pesquisas sobre ilusões ópticas; é contra a cultura tradicional; pertence a um grupo individualizado; entre outras. Apesar de Édouard Manet não ter se considerado um impressionista, foi em torno dele que se reuniu grande parte dos artistas que posteriormente foram chamados de impressionistas. O Impressionismo serviu para inúmeros artistas desenvolverem seu estilo próprio, como por exemplo, para Van Gogh, Paul Cézanne, Toulouse-Lautrec.
Claude Monet (1840-1926), foi o iniciador da escola impressionista. O Impressionismo foi o natural desenvolvimento do Realismo. Fazem parte desse movimento Claude Monet, Auguste Renoir, Edouard Manet, Camille Pissarro, Alfred Sisley, Berthe Morisot e Edgard Degas, Ernest-Lurent, Henri Martin,  entre outros.
Foi um movimento em que jovens pintores se juntaram, criaram suas obras e resolveram fazer uma exposição: sofreram críticas e atos de indignação da maioria dos visitantes e da crítica, considerando-os falsos pintores. A exposição encerrou-se um mês depois. Eram chamados de ‘selvagens obstinados’ e que não queriam terminar seus quadros, por preguiça ou incapacidade.
Farsantes! Impressionistas! Gritavam muitos. A palavra Impressionista era gritada pejorativamente. Dois anos depois fizeram outra exposição e pregaram na porta da rua Lê Peletier, 11, uma tabuleta dizendo: ‘Exposição dos Pintores Impressionistas’. Deste modo sarcástico, nascia a nova pintura cujas características técnicas e expressivas se estenderiam a outras artes, inclusive à musica, com Claude Debussy.
Entre restrições e ironias, combatidos sobretudo pela Escola de Belas Artes e pelo Salão Oficial, aos poucos os Impressionistas foram sendo entendidos e compreendidos, quando, em 1886 o grupo se dispersou, cada um tomando seu rumo. A nova pintura tornou-se conhecida nos demais países europeus e suas obras admiradas e adquiridas por colecionadores nacionais e estrangeiros.Os Impressionistas inovaram na técnica e na expressão da pintura. A realidade era vista de um modo original, diferente da pintura retratada até então.
Os Impressionistas se diferenciavam de outras Escolas, e diziam eles:
1 – Que a cor não era uma qualidade permanente na natureza; as tonalidades estão mudando constantemente, ao contrário, estão mudando incessantemente, com sutilezas impermeáveis ao olhar embotado ou desatento.2 – A linha não existe na natureza. A linha é uma abstração criada pelo espírito do homem, para representar as imagens visuais.3 – As sombras não são pretas nem escuras. São luminosas e coloridas. São cores e luzes de outras tonalidades.4 – A aplicação dos reflexos luminosos ou do contraste das cores se influenciam reciprocamente. Essas influências obedecem ao que se chama ‘a lei das complementares’, percebida pela sensibilidade de muitos pintores e depois formulada em bases científicas.5 – A dissociação das tonalidades ou a mistura ótica das cores.
Na ânsia de obter a limpidez e transparência das cores naturais, os impressionistas resolveram produzi-las na pintura como as produz a natureza. Quando queriam representar o verde, por exemplo, em lugar de darem uma pincelada de verde, já preparado na paleta com a mistura do amarelo e azul, ou do próprio tubo, davam duas pinceladas bem juntinhas, uma azul e outra amarela, a fim de que a mistura das duas cores, produzindo o verde, se fizesse no nosso cristalino, no mesmo processo da natureza. Essas pinceladas, miudinhas, eram usadas por quase todos os impressionistas e denominavam de mistura ótica.

ART NOUVEAU

 
 le musique, Alphonse Mucha
 

Casa Batili, Antonio Gaudi

ART NOUVEAU - influenciou as artes gráficas e a arquitetura (Valéria Peixoto de Alencar)



    O Art Nouveau (arte nova) foi um movimento que surgiu na Europa, entre 1890 e 1910. Essencialmente decorativo, voltado ao design e à arquitetura, influenciou também o universo das artes plásticas. Recebeu nomes diferentes nos diversos países onde se manifestou: style nouille (estilo macarrônico) na França; style coup de fouet (estilo golpe de chicote) na Bélgica; modern style (estilo moderno) na Inglaterra; jugendstil (estilo da juventude) na Alemanha; style liberty (estilo livre) na Itália. O Art Nouveau preocupava-se com a originalidade da forma, tinha relação direta com a Segunda Revolução Industrial e com a exploração de novos materiais, como o ferro e o vidro (principais elementos dos edifícios que passaram a ser construídos segundo a nova estética), e os avanços tecnológicos na área gráfica, como a técnica da litografia colorida, que teve grande influência nos cartazes, como no exemplo do rótulo da Lotion Edista, que expressa bem a idéia do Art Nouveau, que destaca o valor ornamental de linhas de origem floral, determinando formas delicadas, sinuosas, ondulantes e sempre assimétricas. Diferente de outros movimentos de vanguarda do início do século 20, que se iniciaram na pintura, o Art Nouveau não foi dominado pelas artes plásticas. Mesmo os pintores mais estreitamente relacionados com o estilo, Toulouse-Lautrec, Pierre Bonnard e Gustav Klimt, por exemplo, criaram cartazes e objetos de decoração.Ainda assim, na pintura, o estilo esteve relativamente presente nas obras de Vassili Kandinsky e Franz Marc, alcançando seu período de sucesso entre as duas últimas décadas do século 19 e as duas primeiras do século 20, quando é substituído, gradativamente, pelo estilo art déco e, em seguida, definitivamente abandonado.
    O Art Nouveau na Arquitetura - O Art Nouveau surgiu como uma tendência arquitetônica inovadora do fim do século 19: um estilo floreado, em que se destacam as formas orgânicas inspiradas em folhagens, flores, cisnes, labaredas e outros elementos.Os edifícios apresentam linhas curvas, delicadas, irregulares e assimétricas. Mosaicos e mistura de materiais caracterizam muitas obras arquitetônicas, como as de Antonio Gaudí, expoente do movimento na Espanha. Com cacos de vidro e ladrilhos, ele decora construções como o Parque Güell e a Casa Milá, em Barcelona. A Catedral da Sagrada Família é outra obra sua de destaque.
    A chamada Art Nouveau tem como característica principal valorizar o trabalho artístico humano, diante do maquinismo e da produção em série. A arte passa a se devolver na Europa e na América. Em cada país o Art Nouveau busca características da região para suas obras, mas ele sempre trabalha com as formas orgânicas. Uma curiosidade é que a libélula é o símbolo do Art Nouveau.
    O Art Nouveau começa a se desenvolver na Inglaterra com Willian Morris, sua arte é desenvolvida em papel de parede, elemento orgânico e com formas são buscadas na natureza, como flores. Outros artistas que se destacam é Christopher Dresser e Charles Rennie Mackintosh, que utilizava linhas retas e simples, além das formas. Na França Hector Guimard, tem destaque ao utilizar peças orgânicas e pequenas curvas. Projetou as estações de Paris, ele substituía madeira por ferro e vidro. René Lalique fazia sua arte em vidros, ele trás um pouco do romantismo ao utilizar as ninfas e em jóias ao mostrar o símbolo do Art Nouveau, a libélula. Na Bélgica, Victor Horta era arquiteto e design, em suas obras ele não se limita só em esculturas. Uma de sua obra é onde ele faz uma sombra projetada na escada além de mostrar as curvas. Faz sua arte em vidros também, onde o Art Nouveau resgata essa idéia com cores e decorativos em floral. Na Espanha, Antonio Gaudi trabalha com a ideia de reciclagem, de aproveitar coisas, ele também pega peças de demolição e cria mosaico. Na Alemanha, Henry Van de Velde se baseia nas arte gráficas. Nos Estados Unidos Louis Comfort Tiffany desloca o vidro da janela e constrói luminárias e faz separações de ambientes. No Brasil temos a arte feita em vidros na “cafeteira Colombo”. Alphonse Marie Mucha apresenta imagens com referências muito fortes para empresas como “O Boticário”, além de fazer cartazes para peças de teatro.
    O Art Nouveau no Brasil - O estilo do Art Nouveau chegou ao Brasil nos primeiros anos da República, com o nome de arte floreal, e, como na Europa, exerceu forte influência na arquitetura e nas artes gráficas. Eliseu Visconti foi seu artista representativo. (http://educacao.uol.com.br/artes/art-nouveau.jhtm)