A Primavera, de Théodore Rousseau
O Naturalismo foi uma tendência das
artes plásticas, da literatura e do teatro surgida na França no século
XIX. Manifestou-se também em outros países europeus, nos Estados Unidos
(EUA) e no Brasil. Baseia-se na filosofia de que só as leis da natureza
são válidas para explicar o mundo e na de que o homem está sujeito a um
inevitável condicionamento biológico e social. Por suas obras retratarem
a realidade de forma ainda mais objetiva e fiel do que o realismo, o
naturalismo é considerado uma radicalização desse movimento. Se nas
artes plásticas não mostra o engajamento ideológico do realismo, na
literatura e no teatro mantém a preocupação com os problemas sociais.
Influenciados pelo Positivismo e pela Teoria de Evolução das
Espécies, os naturalistas apresentam a realidade com rigor quase
científico. Objetividade, imparcialidade, materialismo e determinismo
são as bases de sua visão de mundo. Desde 1840, as características do
Naturalismo estão presentes na França, mas é em 1880 que o escritor
Émile Zola (1840-1902) reúne os princípios dessa tendência no livro de
ensaios O Romance Experimental.
A pintura retrata fielmente paisagens urbanas e suburbanas, e seus
personagens são pessoas comuns. O artista pinta o mundo como o vê, sem
as idealizações nem as distorções que o Realismo cria para expor suas
posições ideológicas. As obras concorrem com a fotografia.
Por volta de 1830, o grande interesse por paisagens naturais leva
um grupo de artistas a se reunir em Barbizon, na França, para pintar ao
ar livre, uma inovação na época. Mais tarde essa prática será adotada
pelo Impressionismo. Um dos principais artistas do grupo é Théodore
Rousseau (1812-1867), autor de Uma Alameda na Floresta de L'Isle-Adam.
Outro nome importante é Camille Corot (1796-1875).
Na literatura, a linguagem dos romances é coloquial, simples,
direta. Para descrever vícios e mazelas humanos, muitas vezes se usam
expressões vulgares. Temas do cotidiano urbano, como crimes, miséria e
intrigas, mostram-se usuais. Os personagens são tipificados: o adúltero,
o louco, o pobre.
A descrição predomina sobre a narração, de tal modo que se
considera que os autores, em vez de narrar acontecimentos, os descrevem
em detalhes. Fatos e emoções ficam em segundo plano. O expoente é Émile
Zola, autor de Germinal. Também são naturalistas os irmãos Goncourt, de
Germinie Lacerteux.
No teatro, as principais peças baseiam-se em textos de Zola, como
Thérèse Raquin, Germinal e A Terra. A encenação deste último constitui a
primeira tentativa de produzir um cenário tão realista quanto o texto.
Principal diretor de peças naturalistas da época na França, André
Antoine (1858-1943) põe em cena animais vivos e a simulação de um
pequeno riacho.
Outro autor significativo do período, o francês Henri Becque
(1837-1893) aplica os princípios naturalistas à comédia de boulevard,
que adquire um tom amargo e ácido. As principais peças: A Parisiense e
Os Abutres. Também se destaca o sueco August Strindberg (1849-1912),
autor de Senhorita Júlia.
No Brasil, a tendência manifesta-se nas artes plásticas e na
literatura. Não existem textos para teatro, que se limita a encenar
peças francesas. Nas artes plásticas, o Naturalismo acha-se presente na
produção dos artistas paisagistas do Grupo Grimm. Seu líder é o alemão
George Grimm (1846-1887), professor da Academia Imperial de Belas-Artes.
Em 1884, ele rompe com a instituição, que segue as regras das academias
de arte e rejeita a prática de pintar a natureza ao ar livre sem a
referência dos modelos europeus. Funda, então, o Grupo Grimm em Niterói,
no Rio de Janeiro. Entre seus alunos se destaca Antonio Parreiras
(1860-1945). Outro naturalista importante é João Batista da Costa
(1865-1926), que procura captar com objetividade a luz e as cores da
paisagem brasileira. Na literatura, em geral não há fronteiras nítidas
entre textos naturalistas e realistas. No entanto, o romance O Mulato
(1881), de Aluísio Azevedo (1857-1913), é considerado o marco do
Naturalismo no país. Trata-se da história de um homem culto, mulato, que
vive o preconceito racial ao se envolver com uma mulher branca. Outras
obras classificadas como naturalistas são O Ateneu, de Raul Pompéia
(1863-1895), e A Carne, de Júlio Ribeiro (1845-1890). O naturalismo
encontra-se na base do regionalismo, que, nascido no Romantismo, se
consolida na literatura brasileira no fim do século XIX e permanece até
hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário